quinta-feira, 28 de maio de 2009

MAFAMBISSE




Queria contar sobre uma experiência espetacular que tivemos no domingo passado. A igreja que estamos trabalhando está iniciando um trabalho em uma cidade próxima de Beira, chamada Mafambisse, e por isso fomos convidadas para conhecer.
Saímos daqui logo pela manhã, para iniciar a viagem. Andamos por um bom trecho de asfalto, com grandes plantações ao redor, até chegarmos à beira de uma mata. Seguimos com o carro por um caminho tão estreito que olhando parecia que até uma pessoa a pé teria dificuldades de andar. Nos sentimos literalmente como “desbravadores” abrindo caminho naquela mata. Mas é claro que chegamos em um ponto que não havia mais como o carro entrar. Foi então que descemos e terminamos o caminho andando.
Assumo que gostei muito mais desse momento, que andávamos por entre o vilarejo, conversando com algumas pessoas que saíam de suas pequenas casinhas de barro para nos ver. É sem dúvidas um povo completamente distante da realidade que vivemos atualmente.
Fomos levados para baixo de uma árvore onde iríamos fazer um culto. Não demorou muito para que as pessoas começassem a surgir de todos os lados, para nos ouvir, e demonstravam estar se sentindo muito honradas por receber a visita de estrangeiros. Sem falar nas crianças que ficavam admiradas ao nos ver, e nem disfarçavam a expressão de espanto, pois creio que muitas delas nunca haviam visto pessoas brancas.
No culto, eu tive o privilégio de levar a palavra, e fui auxiliada por um tradutor já que a maioria não falava o português. Depois tivemos um tempo muito alegre com danças e músicas no dialeto.
Infelizmente aquela manhã passou voando e nós tivemos que voltar, pois tínhamos outros compromissos em Beira. Mas não tenho dúvidas que aquele momento irá ficar marcado em minhas lembranças.




Grande abraço a todos!!!

Água!!!!




Ontem tive um dia muito diferente! Acordei cedo pensando que seria mais um dia comum, como qualquer outro. Arrumei-me, fui para a cozinha para deixar a água do café esquentando enquanto eu fazia outras coisas, mas ao abrir a torneira, tive uma surpresa: não havia água. Pensei que fosse somente na cozinha e fui conferir no banheiro, mas nada, nem sinal. Como eu estava atrasada e precisava sair, dei um jeitinho de lavar o rosto e escovar os dentes com a água do reservatório da cozinha, que por sinal estava no fim.

Enfim, as horas foram passando e nada da água. Tivemos que improvisar um almoço com o mínimo de água, e nem lembrar da hora que teríamos que tomar banho. Depois tínhamos o problema das vasilhas sujas, mas como fazer? Como iríamos passar um dia sem água? Acredite se quiser! Um dia sem água em nossas vidas pode fazer muita diferença.

Mas após algumas horas, descobrimos um lugar que podíamos buscar água. Tínhamos que buscar em baldes, e depois subir as escadas com todo aquele peso. Foi a cena mais engraçada que já vi, pois nós estávamos perdidas por viver um dia sem água, sendo que isso faz parte da rotina diária da grande maioria das pessoas que moram ao nosso lado, que nem sonham em ter água encanada. Algo que parecia ser tão difícil pra nós, é natural para tantos aqui.

Foi então que relaxei e comecei a refletir neste momento como algo de Deus para nós, pois muitos vizinhos que nunca haviam conversado antes conosco vieram nos ajudar com os baldes, pois se identificaram com a nossa situação. Enquanto eu me matava pra subir a escada com um balde pequeno, uma criança de doze anos subia com um muito maior na cabeça.

No fim do dia, a alegria foi grande, tínhamos água novamente!!! Mas neste ínterim, comecei a refletir sobre algumas situações que surgem em nossas vidas. Muitas das vezes agimos como se fossemos vítimas das circunstâncias da vida, e não conseguimos ver algumas situações como oportunidades para nós. Ao contrário de nos queixarmos de tudo, e vermos a vida como uma grande vilã, curta cada momento nesta terra!!




Grande abraço a todos!!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Refinados como o ouro




“O crisol é para a prata, e o forno para o ouro, mas o Senhor prova os corações.” Pv17:3

Esse versículo tem estado muito presente nos dias que tenho passado em Beira. Desde que cheguei aqui, as coisas pareciam ter congelado. Os problemas aumentaram, o trabalho não fluía como antes, minha equipe já não estava tão disposta, e tudo parecia estar se fechando para nós. Mas um dia, enquanto conversávamos, minha amiga Tati nos trouxe uma reflexão sobre o ouro.
Para que o ouro seja refinado, é necessário que ele passe por várias temperaturas diferentes. Quanto mais puro o ouro, mais alta a temperatura que este passou para ser refinado. Creio que assim somos nós, pois à medida que vamos estreitando nosso relacionamento com Deus e nos permitimos ser refinados por ele, este fogo que é o próprio Deus tende a nos purificar. No início nos parece confortável, pois o calor é agradável, mas com o tempo a temperatura vai aumentando e o calor passa a incomodar, pois este mesmo fogo não somente refina, mas ele deforma as nossas vontades, os nossos desejos, as nossas expectativas, nos tornando cada vez mais parecidos com o Ourives.
Nem sempre fazer a vontade de Deus vai ser confortável, mas sempre será recompensadora. Por isso estou a cada dia mais feliz por trabalhar para meu Pai, pois Ele tem me fortalecido e me ensinado em cada situação.
No entanto, esta semana as portas começaram a se abrir e o trabalho parece estar fluindo novamente. Percebi isso ao iniciarmos um trabalho em um bairro de periferia ao lado de nossa casa. A sensação que eu tinha era de estar em outro país, pois a realidade deste povoado é de extrema miséria e escassez.
Logo no início da caminhada, em um vilarejo por entre as casas, vi no caminho uma menina de cerca de oito anos deitada no chão enrolada em um cobertor. No calor que eu estava sentindo eu estranhei o motivo do cobertor e coloquei a mão em seu rosto. A menina queimava em febre e após fazer uma oração pedi para chamar os pais dela. Mas pra aumentar ainda mais a minha indignação, os pais estavam há meses na machamba ( como são chamados os trabalhos de plantio e colheita), e as filhas estavam sozinhas em casa, aos cuidados dos vizinhos que mal tinham comida para eles. Resolvi então levá-la a um posto médico, mas só poderia fazê-lo na companhia de um responsável, e infelizmente nenhum vizinho se dispôs a me ajudar. Uma das vizinhas me garantiu que a levaria ao médico na manhã seguinte, e tive que voltar para casa sabendo que a Lídia dormiria mais uma noite com febre e sem ter nada para comer.
É muito triste ver tantas necessidades e não poder supri-las, mas estou certa que somente a presença de Cristo pode trazer transformação.
Neste mesmo dia, enquanto voltávamos para casa tive outra surpresa. Um grupo de rapazes nos parou no meio do caminho, para perguntar a respeito do trabalho que estávamos fazendo naquele lugar. Foi então que nos questionaram dizendo que não podíamos ser pregadoras da Palavra, pois na visão deles as mulheres não podem exercer esta função, pois devem ser submissas, no sentido de estarem sempre caladas e atrás dos homens.
Não quisemos discutir, e nem quisemos saber qual era a religião deles, mas fiquei espantada em saber que esta realidade está presente em pleno século XXI, e entendi tudo isso como uma afronta já que estamos iniciando um trabalho tão lindo neste bairro.
Estamos com muita expectativa para este projeto e tenho certeza que esse sonho nasceu primeiramente no coração de Deus, e Ele nos ajudará a fazer da melhor forma possível.

Curiosidades:
Aqui em Beira não existem empregadas domésticas, e sim empregados domésticos. Este serviço é sempre ocupado por rapazes de cerca de 20 anos, e que por sinal são muito bons no que fazem.
Tanto aqui como na maioria dos países africanos, as mulheres em sua maioria usam saias ou capulanas, mas aqui senti isso muito forte. Mulheres que usam calça não são bem vistas.


Um grande abraço pra todos e assim que puder mando mais notícias!!!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Beira clama por SOCORRO!!!




Olá queridos!!!
Queria começar contando uma grande benção que presenciei essa semana. Na semana passada tínhamos alugado um apartamento para a equipe na nova cidade que estamos morando, em Beira, mas continuamos morando na casa de uma missionária, pois não sabíamos que a casa não era mobiliada e não tínhamos nenhuma condição para comprar móveis. Oramos muito, e esperamos o que Deus ia fazer. Mas por um milagre, em uma semana conseguimos o dinheiro necessário para comprar tudo o que precisávamos para uma casa, desde talheres até a geladeira, e no mesmo dia já fizemos nossa mudança também. Aleluia!! É maravilhoso experimentar o cuidado de Deus em nossas vidas.
Moramos rodeados de mulçumanos, e sei que isso tem um propósito. Estou orando muito, pois creio que a presença de Deus vai invadir esse prédio e alcançar a cada um deles. Mas desde que cheguei aqui tenho sentido isso na pele. O peso espiritual é tão grande que passei noites em claro, até entender que o que Deus queria era que eu intercedesse. Até mesmo ao andar pelas ruas da cidade sentimos esse peso. São muitas pessoas sentadas nas ruas pedindo dinheiro, pessoas machucadas, com membros amputados, muitos cegos, enfim, é um lugar muito triste e que clama por SOCORRO.
Um dia enquanto andávamos pela cidade, paramos para comprar amendoim, de um menino que estava sentado na calçada. Percebi que sua cabeça estava enfaixada, e sem que eu pensasse nada o Espírito Santo me disse que seu pai havia batido nele. Perguntei para o menino o que havia acontecido e ele me disse que tinha caído. Eu insisti na pergunta, pois sabia que essa não era a verdade, mas quando perguntei de novo, sua mãe apareceu e ele abaixou a cabeça, e disfarçando não respondeu. Esse é apenas um no meio de muitas crianças que estão sofrendo e precisam de nossas orações.
Iniciamos um trabalho nas tardes das terças e quintas-feiras, com crianças do bairro da igreja. São crianças muito carentes, e que não recebem muito incentivo dos pais para estudar. Por isso começamos esse trabalho dando aulas de alfabetização e reforço escolar. Juntamente com esse trabalho, oramos com elas e fazemos um devocional com músicas e histórias bíblicas.
Na próxima semana iremos iniciar um trabalho em um bairro de periferia próximo de nossa casa. São pessoas que necessitam muito de Deus, mas estamos entrando com bastante cautela, pois somos brancas e isso chama muito a atenção das pessoas aqui. Chega a ser engraçado, pois quando andamos nas ruas as pessoas param o que estão fazendo para olhar pra nós.
Esses dias tenho estudado e refletido muito na vida de Neemias, e gostaria de deixar uma pequena reflexão.

“Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?” Nm6:3

Neemias foi instruído por Deus para reconstruir os muros de Judá, e à partir do momento que iniciou esta obra, isso passou a ser a coisa mais importante em sua vida. Nada o tirava daquele lugar enquanto ele não terminasse o que havia sido colocado em suas mão. Em apenas 52 dias ele completou a obra com excelência, agradando muito o coração de Deus.
Seja o que for que Deus tem colocado em suas mãos, faça com excelência, tendo fé, para que o propósito de Deus venha se cumprir em sua vida.

Deus abençoe a todos vocês!! Continuem orando por nós!!

domingo, 3 de maio de 2009

Cidade de Beira!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!







Olá!!! Já faz uma semana que estou em Beira, mas só estou escrevendo agora devido à correria. Viemos de ônibus no domingo passado, saímos de lá pela madrugada e viajamos por quase quatorze horas. Pra minha surpresa o ônibus era ótimo, com direito a lanches servidos por eles e tudo, mas não porque era um favor da companhia de viagem, mas justamente porque não havia nada na estrada a não ser casinhas muito simples e feitas de caniço.
A viagem foi longa, e era muito difícil compreender que estávamos deixando aquelas pessoas que tínhamos conhecido em Maputo. Chorei muito pra me despedir do Pr. Jessé e da Pra. Raquel. Essa família nos marcou muito com seu amor pela obra e dedicação. O trabalho que eles desenvolvem em Maputo é um exemplo, e milhares de vidas estão sendo abençoadas por eles. Além do trabalho do orfanato e escola, realizam um trabalho muito grande chamado Som do Céu que tem sido falado e admirado por toda a região.
Mas não é só isso. O que mais me marcou foi o carinho e atenção que eles nos deram esse tempo, pois assim como médicos ficam frios com o tempo, percebo que missionários também, pois começam a perder a sensibilidade. Mas ao contrário disso, aquela família nos cuidou e tratou como ninguém mais faria. E por isso fiz questão de citar o nome deles, pois o próprio Deus nos diz que devemos dar honra a quem merece honra.
Bom, fora a saudade que estou sentindo deles, estamos nos adaptando a essa nova cidade. Passamos a primeira semana organizando o apartamento que iremos morar. Aqui tudo é extremamente caro, e um simples apartamento está por volta de 500 dólares, mas graças a Deus conseguimos um por 300. Agora estamos organizando a compra de algumas coisas como fogão, geladeira e colchões para que possamos mudar para lá. Enquanto isso estamos morando na casa de um casal de missionários.
A cidade é completamente diferente de Maputo. Aparenta ser menor, e não é muito bonita, pois a grande maioria das casas é destruída, devido a uma lei que o governo fez, impondo uma taxa para reformar ou pintar qualquer propriedade. Por isso ninguém tem condições de reformar a não ser uma pequena minoria da população.
Sem falar que o dialeto é outro, chamado Sena, e os costumes são um pouco diferentes. Uma coisa que me chamou atenção foi que os rapazes daqui tem o costume de andar de mãos dadas. Eu estranhei e perguntei para o missionário daqui que é Moçambicano. Ele disse que isso é muito natural aqui, pois se um homem é amigo, ele será amigo de verdade, a ponto de andar de mãos dadas. Mas o mesmo não ocorre com freqüência para as meninas.
Aqui muitos vivem da pesca, e logo pela manhã a praia está cheia de pescadores, sem falar na areia que fica forrada de peixes que são espalhados pelo chão para secar. O cheiro não é nada agradável. Vocês devem imaginar.
Neste tempo irei trabalhar dando aulas de evangelismo em um seminário teológico, direcionar o culto das crianças, e realizar algumas outras coisas que estou estudando, como um trabalho nos hospitais, visitas na favela e aulas de reforço escolar. Não sei exatamente se vou conseguir cumprir todas essas coisas, mas esses são meus planos por enquanto.
Acostumar-me aqui em Beira não tem sido muito fácil, mas creio que estou passando pelo tão famoso “Choque cultural”. São reações a coisas simples como a falta do pão francês e o cafezinho preto que temos sempre no Brasil e aqui não são encontrados, o clima que é até mais quente e abafado do que Maputo e diversas outras coisinhas. Sei que é algo natural, que todo missionário passa, mas peço que estejam intercedendo por mim e minha equipe. Iremos vencer tudo isso e completar a obra que Deus reservou pra nós.
Ontem ministrei minha primeira aula no seminário, gostei muito e creio que os alunos também. Foi um desafio pra mim, pois eu nunca havia dado aula para adultos. Fora isso preguei hoje no culto. A igreja daqui não é muito grande, mas bem legal.
Assim que tiver mais novidades estarei escrevendo novamente. Saudade imensa de todos vocês!!!