quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Projeto Hospitalar


Olá Pessoal...

Hoje estou passando por aqui apenas para dizer o quanto estou feliz com o que Deus tem feito através de nossas vidas no Projeto Hospitalar. Este Hospital é evitado por muitos moradores de Beira, justamente pela triste situação que a maioria dos internados se encontram, mas Deus tem nos dado forças para entrar lá, sem nos abalar com o que vemos.

A equipe cresceu rapidamente, e estamos com muitas idéias para melhorar o trabalho.

A introdução dos fantoches tem sido um sucesso, pois a mudança nos quartos é nítida quando passamos. As crianças acabam se esquecendo por poucos minutos de suas dores, e dão espaço para algumas risadinhas...é maravilhoso poder ser um agente de alegria para elas.

Mas desta vez, passamos por alguns quartos de adultos, e para nossa surpresa, amaram as músicas, mesmo sendo infantis, e até se levantaram para nos receber, pois disseram que éramos enviados por Deus. Foi lindo!!!

Oramos por muitas pessoas, mas duas me marcaram muito. Um bebê, que de um dia para o outro teve seu rosto inchado, e seus pais encontram-se muito preocupados com a situaçao. A mãe ficou emocionada com a visita e chorou muito pedindo oração.

A outra é a Bia, uma jovem que ficou cega recentemente. Sei que para Deus isso não é difícil e creio que ela voltará a enchergar.

Aqueles que quizerem ajudar, peço que nos ajudem em oração por essas pessoas.


Um grande abraço, e até a próxima!!!


segunda-feira, 17 de agosto de 2009

História da pequena Rute...


Fui atraída pela triste história de uma menina de 15 anos, e queria compartilhar com vocês para que me ajudassem em oração.
Primeiramente, vou dar a ela o nome fictício de Rute. Meu contato com ela se iniciou logo que vim morar em Beira, e comecei a notar a casa ao lado do prédio onde moro. Uma casa pequena, muito simples, com algumas crianças, sendo uma delas a Rute, que estava sempre trabalhando. Sempre a via lavando roupas, lavando panelas, ou cuidando do bebê, independente da hora que fosse.
Aos poucos comecei a cumprimentá-la pelas manhãs, depois começamos a trocar algumas palavras, e quando percebi já estávamos criando intimidade o suficiente pra que eu perguntasse sobre sua vida.
Foi aí que entendi que ela era a empregada doméstica da família, e que morava com eles, já que sua família vive muito longe. Mas eu ainda não tinha me contentado com a história, pois sabia que havia algo a mais que ela queria me contar.
Os dias se passaram, e eu peguei malária, o que me fez ficar em casa por uma semana. Quando ela ficou sabendo, veio me visitar pela primeira vez, e trouxe um pacote de biscoito, toda intimidada. Aquilo me tocou muito, pois eu tinha certeza que diante do que ela ganha, aquele biscoito era um sacrifício pra ela, e percebi que ela via em mim uma amiga.
Alguns dias depois ela e uma amiga vieram novamente em minha casa, com a desculpa de nos ensinar um jogo. Mas, em um momento que ficamos sozinhas, comecei a perguntar a ela sobre sua família. Em meio a lágrimas ela me contou tudo.
Descobri que ela sempre morou com seus pais, que trabalhavam na machamba (plantação), e que sua irmã mais velha morava em Beira. Mas um dia ficaram sabendo que o esposo de sua irmã havia falecido e assim ela teve que vir para ajudar a irmã, apesar de ser uma criança de apenas oito anos.
Foi então que sua irmã recebeu a visita de uma feiticeira, que disse que ela iria morrer naquela noite, o que realmente aconteceu, de forma inexplicável. Com isso, a Rute, que ainda era muito novinha, teve que sair em busca de emprego, já que não tinha quem lhe ajudasse a voltar para casa.
A primeira casa que trabalhou foi muito maltratada, e então saiu para procurar outro emprego. Foi aí que encontrou a casa que trabalha atualmente, ao lado da minha.
Já faz sete anos que a Rute está tentando juntar dinheiro para ir ver seus pais, que segundo ela, nem sabem que a irmã morreu.
Fora o dinheiro da passagem, ela disse que quer também comprar roupas para sua família, e disse que só depois de ter conseguido tudo isso, poderá voltar para sua casa. Pra minha maior indignação, descobri que a passagem custa apenas 500 meticais, que é o equivalente a menos que 50 reais.
Isso sem falar, que seus pais, depois de sete anos, já podem ter se mudado, ou até morrido, o que lhe traz mais insegurança ainda.

Fiquei muito triste com isso, e percebi que essa menina sofrida, precisa, antes de qualquer coisa, conhecer a Jesus e seu amor por ela. Precisa ser curada, e depois, ser levada para seus pais, para contar sobre a morte da irmã.

Esta semana vou iniciar um discipulado com ela, e vou começar a estudar melhor o caso, pra ver como poderemos ajudá-la a voltar para casa.
Não acredito no acaso, e tenho certeza que se hoje conheci essa menina, é porque Deus tem algo pra vida dela. Creio em um Deus de milagres, e que com certeza pode transformar a vida de Rute.

Nos ajude em oração!! Estarei trazendo notícias com o tempo.



MALÁRIA...

Já havia se passado uma semana que havíamos voltado de Marromeu, quando eu acordei para um dia normal de trabalho, e por algum motivo que eu desconhecia, acordei com muita dor no corpo. Não me importei muito e saí junto com a equipe, para o bairro onde trabalhamos.
Era um dia quente, de sol, mas eu tremia de frio. Pensei que conforme começasse a andar iria melhorar, mas o frio só aumentava.
No meio do caminho percebi que minha pressão estava caindo, e comecei a perder a cor. Voltei pra casa pensando que era apenas um mal estar e que passaria no final do dia. Mas quanto mais as horas se passavam, mais sintomas apareciam. Comecei a ter dores de cabeça, dores no corpo e muita fraqueza.
Foi aí que entendi, que o que eu tinha era Malária. Certamente, em nossa viagem para Marromeu, fui picada pelo inseto da malária, e só agora estava sabendo que trazia esta lembrança indesejável de lá.
Fui ao médico, e realmente foi constatado que eu estava infectada. Comecei o tratamento, que durou quatro dias, com muitas dores, febre de 39°, e enjôos. A cada dia que se passava parecia que os sintomas pioravam.
Nestes dias meus pensamentos voavam constantemente ao Brasil, e acho que pela primeira vez pensei em voltar. Sentia falta da minha família em um momento tão difícil como esse.
Sei que isso é algo comum para os missionários, mas eu ainda sou um “aprendiz”...kkk...e isso foi muito difícil pra mim.
Como só conseguia ficar deitada, às vezes eu ligava a radio para me distrair e passar o tempo. E em um dos dias mais difíceis, me lembro que ouvi uma pregação, em que o pastor repetia por várias vezes a seguinte frase: “Os olhos do Senhor estão onde você está”.
Esta simples frase começou a entrar em meu coração e começou a me dar forças novamente. Comecei a trazer a memória, todos os momentos difíceis que já havia passado, e que Ele esteve comigo. Nunca estive só, mesmo tão longe de meu país.
E o mais interessante é que comecei a entender o porquê de estar passando por isso. Lembrei-me da pequena Lídia (história contada em postagens anteriores), que fervia em febre quando a vi pela primeira vez. Eu sabia que ela estava doente, mas eu não imaginava a dor que ela sentia, e isso sem falar nas centenas de outras pessoas que passam por isso nesse país, e agora posso entender o que sentem.
Mais uma vez constatei que o povo Moçambicano é um povo guerreiro, pois eu passei por isso com tantas condições e cuidados médicos, ao contrário do povo daqui que muitas vezes vence essa doença sem a metade do que eu tive. Passam sem reclamar, ou se abater, pois muitos precisam continuar trabalhando mesmo doentes.
Fico impressionada com a força que existe nesse povo!!!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Se não tiver amor...


Iniciamos esta semana as vistas com fantoches e músicas no Hospital. Foi uma experiência maravilhosa!!! Quando comentei com algumas pessoas sobre levar esse tipo de trabalho para dentro do hospital fui desmotivada por muitos, pois aqui nunca houve trabalho como este, e por isso soava como um insulto e desprezo para com o sofrimento daqueles que estão internados.


Mas eu tinha certeza que isso não era um sonho meu, e sim de Deus e por isso resolvi ousar e arriscar o nosso trabalho hospitalar.
Passei o dia em oração pela equipe, com muito medo de não sermos aceitos com os bonecos lá dentro.
Assim que chegamos fui direcionada por Deus para entrarmos na ala de desnutrição, a qual havia crianças bem fraquinhas e magrinhas. Não tivemos nenhum problema ao entrar, e até pelo contrário, pois as enfermeiras que nos receberam, só de ver os fantoches já começaram a rir e ficaram curiosas para saber o que iríamos fazer. O clima era aquele de hospital que todos conhecem. Mas parece que quando começamos a cantar um sentimento de paz invadiu aquele lugar e os rostinhos começaram a mudar, apesar de ter algumas crianças que tinham medo dos bichinhos.
Após cantar uma música, nós nos espalhávamos e íamos cada um em uma cama para orar e brincar com as crianças. E isso se repetia em todos os quartos. É difícil descrever o que eu sentia, pois foi uma das coisas mais lindas que já presenciei.
Infelizmente uma hora de visita passou voando e quando vimos já tínhamos que ir embora, mas as sementinhas ficaram, pois quando estávamos saindo ouvimos pessoas cantando o refrão da música que tínhamos cantado...


” Grande, tão grande,
Alto, tão alto,
Fundo, profundo,
É maior que o mundo,
Mas é pequeno,
Cabe lá dentro do coração de quem
se entrega ao Salvador...”



Estar em Moçambique tem sido como uma escola pra mim, pois a cada dia tenho recebido ensinamentos valiosos, que por vezes são aceitos e por vezes desprezados.
Dias após a visita no hospital, estava em casa descansando, quando ouvi o barulho da campainha tocar por várias vezes sem intervalo. Eu me levantei, nervosa, e quando abri a porta era um rapaz que olhava para o chão. Antes de ouvir o que ele tinha para dizer, eu já fui falando sem nenhuma paciência que ele não podia fazer aquilo, pois assim ele incomodava quem estava lá dentro. O rapaz levantou a cabeça, e eu fiquei envergonhada ao ver seus olhos brancos. Era um moço cego que estava apenas pedindo algo para comer.
Depois de ter entregado algo para ele comer e fechado a porta, percebi que Jesus queria me ensinar algo.


“E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres , e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, de nada valeria...” I Co 13:3


Tantas pessoas passam por nossas vidas, e ao invés de ver amor, cuidado, elas vêem desprezo, ou falta de paciência. Do que adianta as muitas obras se não existe amor ?