sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Depois de dois anos aqui estou eu novamente...morrendo de saudade da África!!


Dois anos se passaram e aqui estou novamente. Desde que retornei de Moçambique em Novembro de 2009, não escrevi mais, pois para mim foi bastante doloroso deixar todas aquelas pessoas, que por nove meses fizeram parte da minha vida, e escrever me trazia certa frustração, pois apesar de desejar estar aqui no Brasil por um período para me casar e terminar a minha faculdade, parte de mim ainda queria estar lá.

Lembro-me que assim que eu voltei, encontrei com algumas pessoas que ao perguntarem se eu havia gostado da viagem, se espantaram com a resposta, pois para elas não era possível gostar de um lugar que de acordo com o que a mídia transmite, só possui tristeza e pobreza. Inclusive, me lembro de uma amiga da família, que ao ouvir minha resposta teve a ousadia de dizer que eu só podia estar de brincadeira, pois se eu estivesse voltando da Europa ela compreenderia minha saudade e admiração pelo local, mas considerando a viagem que eu havia realizado, aquela resposta não se encaixava. No entanto, a África que eu conheci está muito distante desta visão distorcida, pois o que eu vi foi um povo lindo e alegre, um país cheio de belezas naturais, enfim, o lugar que eu mais desejo voltar e criar meus filhos.

A partir daquele momento percebi o quanto seria difícil me adaptar novamente a minha terra, pois apesar de ter nascido aqui e ter vivido neste contexto por tantos anos, nunca havia notado o quanto as pessoas estão presas neste sistema consumista e fútil. E o pior, percebi que nem mesmo elas se dão conta disso. Depois desse, passei por outros choques culturais, como a primeira vez que fui em um rodízio de pizzas, depois do meu retorno, e reparei o quanto o desperdício é normal para os brasileiros. Comem, comem, jogam muita comida fora e depois ficam horas na mesa conversando sobre dietas. Não dá pra entender. Do mesmo modo que me frustrei bastante no Natal depois do meu retorno, pois pra mim não fazia mais sentido essa festa, que teoricamente significa a comemoração do nascimento de Jesus e as pessoas nem mesmo se lembram dele. Se preocupam apenas em comprar, estar bem vestidos e ter uma mesa com tanta comida que nem mesmo a família inteira dá conta de comer. E o pior, mesmo com tudo isso, não se sentem completamente realizados.

E o motivo de hoje eu voltar a escrever, foi justamente devido à retrospectiva que fiz desses dois anos no Brasil. Tive muitos momentos de alegria, pois foi neste período que encontrei o grande amor da minha vida, e também o período de matar a saudade e estar pertinho da família. Mas não posso negar que a cada dia que passa me sinto mais frustrada por não estar fazendo o que sei fazer de melhor, que é fazer missões. Nesse período estive sempre muito ocupada com os afazeres da faculdade, preocupações do trabalho e tantas outras coisas, que mal conseguia ouvir Deus, ou até mesmo me ouvir e me entender. A cada dia que passava, percebi que me tornava como mais uma, buscando coisas, buscando ter, buscando ser aceita, mas nunca completa.

E foi por meio da voz de um professor que eu entendi tudo. Depois de meses me esforçando para fazer meu trabalho de conclusão de curso, com noites e noites em claro, pensamentos de que eu não era capaz, vontade de desistir e etc, eu consegui, e entreguei meu trabalho. Mas para minha surpresa, meu professor olhou e disse que eu podia ter dado mais de mim, que aquilo não era o meu melhor. Naquele momento, depois de refletir, eu consegui encontrar a resposta: Nunca será suficiente!!

Não adianta termos dado o nosso melhor, não adianta termos o melhor carro, a melhor casa, as melhores roupas, ou o melhor corpo, NUNCA SERÁ SUFICIENTE!! Enquanto estivermos fazendo as coisas para nos satisfazer ou satisfazer aos outros, nunca seremos felizes, pois só somos felizes em Deus, e servindo às pessoas. Percebi que a felicidade na verdade está nas coisas simples da vida. E hoje relembrando meus dias na África, enquanto assistia alguns vídeos, lembrei o quanto eles me ensinaram com toda aquela alegria, mesmo em momentos de dificuldades ou de simplicidade se comparado à nossa realidade.

No entanto, depois de toda essa reflexão cheguei a uma conclusão. Mais uma vez provei a mim mesma que o principal propósito da minha vida, e o que mais me traz realização é estar entre os mais simples e aqueles que muitas vezes são invisíveis para a sociedade.

A África que nos espere...em breve estaremos de volta!!

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